Ouço o António Granado comentar na Antena 1 que o New York Times está a estudar um sistema de submissão anónima de documentos. A ideia é criar a sua própria plataforma WikiLeaks. Cidadãos enviam documentos de alguma forma comprometedores, a plataforma garante encriptação sem registo de informação pessoal, e o jornal depois selecciona o material, avalia, confere, investiga e, eventualmente, publica uma história. Como media que é, o NYT parece querer dispensar outro mediador. Este, aliás, trouxe vários desconfortos.
A Al Jazeera já tinha dado um passo neste sentido, este mês, criando a Unidade de Transparência, que já recebeu centenas de documentos
confidenciais sobre o conflito israelo-árabe. Se outros títulos da imprensa internacional de referência seguirem a tendência, estaremos perante um novo paradigma de jornalismo. A New Yorker fala em “corrida ao armamento jornalístico para armas de denúncia maciça.”
Podemos falar de Cloud Journalism. É um novo modelo de abastecimento e produção jornalística, que ultrapassa o âmbito do jornalismo de cidadão. Numa altura em que empresas e particulares passaram a ser clientes do chamado Cloud Computing, acedendo a software ou espaço de servidor como quem acede à electricidade, também os media podem passar a virtualizar a sua rede de correspondentes e fontes.
Joana Machado