Mérida sobe o pano com ópera flamenca

 

Num tempo ainda a.C., a mais de milénio e meio da primeira pancada de Molière, já o teatro (co)movia no anfiteatro de Mérida – a Emerita Augusta, capital da Lusitânia, a dias de carroça de Olisipo, hoje Lisboa. A “Fedra” de Eurípedes voltou ontem à noite a um cenário que é História, como primeira peça em cartaz na 55.ª Edição do Festival de Teatro Clássico da cidade. Uma vez mais com o apoio da Junta de Extremadura, uma vez mais com direcção de Francisco Suárez. Decorre este ano até 30 de Agosto.


O mito é universal, mas com estuque de modernidade: “Fedra” (dançada por Lola Greco), na ausência do marido Teseo, e na dúvida sobre se este ainda vive, lança o isco ao enteado formoso e casto, diz-se. Enquanto vagueiam pela noite, madrasta e enteado encontram-se na música afogueada do compositor de flamenco Enrique Morente. O que se segue é… a tragédia, em qualquer época.


É o uso inteligente de um espaço de características singulares para gerar Cultura. Em alternativa à carroça, está a menos de três horas de carro de Lisboa, menos de duas de Évora e menos de uma de Badajoz.



Cristina Silva Bastos

publicado por Lugares Mesmo Comuns às 12:24