Há dias, no cinema, alguém dizia “A ficção é diferente da realidade. Na ficção, tudo tem de fazer sentido.” Talvez não seja bem assim, mas actualmente a linha que separa os dois lados da moeda é cada vez mais ténue. O cinema é ficção, tudo faz sentido – se não para uns, para outros. No geral, busca-se na película aquilo que não se vive. Na ficção, vestimo-nos com novas caras e personalidades, podemos (normalmente) escolher como viver uma determinada história, que nunca é exactamente a nossa. Podemos escolher, no aqui e no agora.
Nesse mesmo dia, no mesmo filme, alguém disse “there’s a time when you have to choose which bridges to burn and which to cross”. Tough choice, diria, mas nem tanto. Como todos os dias, cada escolha significa um ou outro laço quebrado, ligações expiradas. A escolha está iminente.
Também numa estratégia de comunicação há pontes que escolhemos seguir e outras que ficam por atravessar. Por não ser o momento certo, por não ser o caminho certo, por não termos do outro lado o que realmente ambicionamos. Todos os elementos são determinantes para tomar uma decisão. Apenas com a diferença de que em comunicação a margem de erro assume novas proporções, não há espaço para a dúvida, no loose ends.
Ana Maria Silva